O ano da presidência russa no BRICS (2015) foi um período do trabalho ativo, intenso e coerente junto com os parceiros, dirigido ao fortalecimento desta união, a sua transformação gradual do fórum de diálogo e coordenação sobre um leque limitado de questões em um mecanismo de pleno formato da interação estratégica e coerente sobre os assuntos chave da política e economia global. O “quinteto” constitui simultaneamente o resultado e a força propulsora do estabelecimento do sistema das relações internacionais policéntrico, inclusive da formação dos novos polos de desenvolvimento, da consolidação dos esforços com base na agenda construtiva, orientada não para o domínio global, mas para a busca coletiva e democrática de soluções para os problemas que são comuns para todos, da criação de condições favoráveis para garantir o bem-estar dos povos dos cinco países.

O fortalecimento dos laços com os países do BRICS é uma das prioridades da política externa da Rússia. O “quinteto” é o exemplo da abordagem inovadora à construção dinâmica da parceria multilateral que une 27% do PIB mundial, 26% da terra firme e 42% da população do planeta. Os seus participantes, que representam várias culturas e civilizações, são países com as economias de mercado em formação e um potencial de crescimento imenso, que estão orientados para a modernização e implementação de inovações. As caraterísticas típicas da associação são abertura, direitos iguais, consideração dos interesses dos outros membros, solidariedade, não-interferência nos assuntos domésticos dos países. No BRICS não há líderes ou liderados. Todas as decisões tomadas no âmbito deste formato representam um verdadeiro denominador comum e uma ligação dos interesses dos cinco países, que não necessariamente coincidem em tudo. BRICS é a personificação da diplomacia de rede, quando os parceiros, partindo do princípio de não-existência de alternativas para a busca de soluções mutuamente aceitáveis na mesa de negociações, elaboram o consenso de modo criativo e respeitoso com base no papel coordenador central da ONU, nas normas e princípios do direito internacional.

BRICS não é só economia. Uma prioridade dos trabalhos conjuntos do “quinteto” orientados para o futuro é o fortalecimento da segurança e estabilidade no mundo. Sem tentar impor nada a ninguém e levando em conta os interesses de cada um dos seus participantes e de todos eles juntos, a associação busca respostas conjuntas aos desafios e ameaças globais. Os países do BRICS partem de que a estabilidade deve ser duradoura, e a segurança – indivisível, baseada em garantias sólidas. Eles acham inaceitável fortalecer a sua própria segurança por conta da segurança dos outros, utilizar os “padrões duplos” e sanções unilaterais e, ainda mais, usar o poder militar para resolver assuntos internacionais. A interação no âmbito do “quinteto” não é direcionada contra ninguém, pelo contrário, serve para garantir a estabilidade internacional e estabalecer as premissas para crescimento estável e equilibrado.

O evento chave da presidência russa foi a Cúpula em Ufá (8-9 de julho de 2015) que reforçou a estratégia de longo prazo para o desenvolvimento da parceria no BRICS e adotou a Declaração e o Plano de Ação do BRICS, bem como o Acordo entre os Governos dos Estados Membros do BRICS sobre a Cooperação na Área da Cultura e o Memorando de Entendimento sobre a Criação de Site Conjunto do BRICS.

A Estratégia da Parceria Econômica até o Ano 2020, adotada em Ufá, bem como o lançamento dos trabalhos do Novo Banco de Desenvolvimento e do Arranjo Contingente de Reservas com o considerável volume total de 200 bilhões de dólares, foram importantes passos práticos dirigidos ao aumento da estabilidade e segurança do sistema financeiro, consolidação da cooperação econômico-comercial e de investimento no âmbito do grupo e com outros países. A próxima tarefa é ajustar os mecanismos do seu funcionamento. Contamos com que em 2016 o Novo Banco de Desenvolvimento financie o seu primeiro projeto.

Os parceiros do BRICS apoiaram a ideia russa de elaborar um roteiro para a cooperação econômico-comercial e de investimento para o período até o ano 2020. O nosso país já apresentou mais de 60 projetos para incluir nele. Entre outras, são iniciativas de criação de Centro Internacional de Pesquisa e Estudos na área da energia com base na fundação russa “Skolkovo”, utilização conjunta do sistema russo de Navegação Global por Satélites (GLONASS), desenvolvimento da interação industrial e tecnológica em tais esferas como construção de carros, de aviões, transportes e logística, eletrônica, programação, realização conjunta de trabalhos de prospeção geológica.

Aumenta a atenção do BRICS para a ampliação da cooperação quanto ao combate aos desafios globais. O debate detalhado das tarefas nesta área teve lugar no decorrer da Reunião de Altos Representantes para os Assuntos de Segurança em Moscou. O avanço significativo no domínio do combate ao tráfego ilícito de drogas foi feito durante a Reunião Ministerial em abril passado, quando foi decidido estabelecer um grupo de trabalho do BRICS nesta esfera.

No âmbito do “quinteto” desenvolve-se de modo intensivo o diálogo entre os ministérios dos negócios estrangeiros. O encontro regular ordinário dos chanceleres do BRICS nas margens da Assembleia Geral da ONU em Nova York em setembro passado reafirmou a unidade ou a proximidade das abordagens na área da manutenção de paz e segurança internacionais. Foram lançados os mecanismos de consultas regulares a nível de vice-ministros dos negócios estrangeiros responsáveis pela região do Médio Oriente e África do Norte, pelos assuntos do planejamento da política externa, dos chefes de serviços jurídicos dos ministérios dos negócios estrangeiros do BRICS. Em grande parte é parecido o vetor das posições dos países do “quinteto” em tais assuntos como manutenção de paz, prevenção de corrida de armamentos no espaço exterior.

Foram estabelecidos os grupos de trabalho de funcionamento contínuo para a cooperação na área da segurança de informação internacional, anti-corrupção.

Os países do BRICS estão interessados em diversificar os laços no âmbito não-governamental, na dimensão social, cultural e humanitária. Em 2015 foi realizada uma série de fóruns (parlamentar, cívico, sindical, da juventude, de diplomatas jovens e a Cúpula Universitária Global). O lançamento do “Secretariado Virtual” – o site conjunto do BRICS – contribuirá para a ampliação do nosso espaço de informação comum.

Durante o ano da presidência russa foi iniciada a cooperação em várias áreas novas, por exemplo, energia, telecomunicações, garantias de vigilância técnica, assistência ao desenvolvimento internacional, migração e meio ambiente. Foi implementada uma série de ideias conjuntas nas esferas da ciência, educação e políticas da juventude. Está pela frente a Reunião do Grupo de Contato para a cooperação econômico-comercial e a Reunião dos Ministros do Trabalho e Emprego. No total, durante o ano da nossa Presidência, tiveram lugar mais de 100 eventos (19 deles – a nível ministerial).

O grande evento final do ano político do BRICS foi o encontro informal dos líderes dos países do “quinteto” nas margens da Cúpula do G20 em Antalya, que reafirmou a determinação comum de unir os esforços da associação à luz da crescente instabilidade nos assuntos internacionais a fim de consolidar a agenda positiva, bem como superar de forma eficiente as dificuldades existentes.